Eu tenho meu canivete, foi presente do meu tio Conservo como relíquia pelo que já me serviu Meu canivete pitoco desde piá me acompanha Fosse nas festas do povo ou nas lidas de campanha Descasquei cana de açúcar, laranja e abacaxí Fiz furquia pra bodoque, destripar o lambarí Quando piá meu pai dizia pelo jeito e pelo estílo Teu canivete meu filho só serve pra castrar grilo Meu canivete eu trazia afiado que nem navalha Com ele já castrei porco, piquei fumo e cortei palha Dos meus pés quantos espinhos meu canivete tirou Daria tropas e tropas dos touros que já castrou Meu canivete pitôco de tanto afiá em rebôlo Das facetas do passado a lembrança é um consolo Eu e meu canivete dentre ganhas e perdidas Seguimos cortando rente as tristezas dessa vida Daria um talho maior que o maior dos brete Se emendasse os talhos que já deu meu canivete
Compositor: Os MirinsPublicado em 1998ECAD verificado fonograma #28740 em 14/Abr/2024 com dados da UBEM