Eu sou a água dos rios das veias da terra A dar de beber a sedentas sementes Eu sou a nascente, o cerrado e a serra Eu sou o grito de dor da madeira ferida A relva, a selva, a seiva da vida Peão Boiadeiro que laço não erra Eu sou o doce das frutas a erva que amarga O quarto de milha e o mangalarga As águas revoltas são prantos meus Quem envenena meus mares, me queima e desmata Me sangra sem pena, aos poucos me mata Não vê que eu sou espelho de Deus
Eu sou a natureza indefesa Não me trate assim Eu sou a Águia, a Baleia e o Angelim Somos irmãos na Terra Pedra, bicho, planta, gente enfim Pra que essa vida viva Cuida bem de mim
Eu sou o sol das manhãs sobre minhas campinas O frio das neves, as claras colinas Os pássaros livres, a sombra que resta Eu sou o bicho do mato, a flor pantaneira Eu sou a savana, a serpente e a palmeira O Cheiro do verde que vem da floresta Sou cavaleiro do mundo eu sou a boiada Eu sou o estradeiro e pó da estrada Sou a crença nos olhos dos homens ateus Quem me devasta, me fere, me caça, me extingue Me arranca as raízes não deixa que eu vive Não pode se ver no espelho de Deus
Compositores: Paulo de Sousa (Paulo Debetio) (ABRAMUS), Paulo Roberto dos Santos Rezende (Paulinho Rezende) (SOCINPRO)Editores: Peermusic do Brasil (UBC), Universal Music Publishing Mgb Brasil Ltda (UBC)Publicado em 2022 (13/Dez) e lançado em 1990 (01/Out)ECAD verificado obra #21447 e fonograma #10936 em 11/Abr/2024 com dados da UBEM